Foto: Guilherme Almeida/CMPA |
Mau cheiro e gosto ruim da água potável de Porto Alegre
foi tema da reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) realizada na
tarde desta terça-feira (12/7) na Câmara Municipal. A presidente da comissão,
vereadora Lourdes Sprenger (PMDB), leu uma avaliação do Departamento Municipal
de Água e Esgotos (Dmae) que apresentava três hipóteses como motivo do
problema: a poluição, a reação de substâncias e condições de saneamento
precárias. Em 90 dias, foram registradas 1.003 reclamações sobre a qualidade da
água na capital.
O engenheiro químico da equipe de Vigilância Sanitária da
Prefeitura, Rogério Ballestrin, disse que “o Dmae foi questionado pela
Prefeitura, mas foi observado que a dosagem de cloro usada no tratamento do
líquido permaneceu a mesma. Também foi feito um estudo sobre a toxicidade da
água e também não foi constatada alteração”. Ballestrin também declarou que foi
apresentada uma alteração nos mananciais.
A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(Ufrgs) e microbiologista Sueli Van Der Sand afirmou que essas bactérias
causadoras do mau cheiro e do gosto ruim, chamadas de actinomicetos, não
oferecem riscos à saúde da população. “Essa alteração pode ter acontecido por
causa da baixa quantidade de chuva nos últimos meses, mas isso também é
resultado da poluição ambiental. Em todo o mundo a gente tem esse tipo de
problema”, declarou Sueli.
Alfredo Ferreira, representante da Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), declarou que há um desaparelhamento dos
órgãos públicos que cuidam do meio ambiente na cidade. “Por um lado, usa-se o
Guaíba para lançar dejetos. Por outro, houve falta de chuvas, por isso a maior
concentração de poluentes. Mas a poluição, em Porto Alegre, não tem sido mais
examinada”, afirmou.
O engenheiro civil e representante do Departamento de
Esgotos Pluviais (DEP), Paulo Napoli, declarou que a responsabilidade do
tratamento da água potável na cidade é, na verdade, do Dmae. A Cosmam convidou
o departamento para a reunião, mas não houve comparecimento.
O presidente do Movimento Menino Deus Sustentável, Ivo
Krauspenhar, disse que a falta de equipamentos modernos e o sucateamento dos
órgãos públicos interferem nesse descuido com a água, que vem apresentando
cheiro “muito forte” na região do Menino Deus.
Ao final da reunião, foram feitos encaminhamentos ao
Ministério Público, que está realizando um inquérito sobre o caso. Também
estiveram presentes Sérgio Celia, dermatologista do Hospital São Lucas, a
vereadora Jussara Cony (PCdoB) e o vereador Paulo Brum (PTB).
Texto: Ananda Zambi (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)